Inverno sob as lentes de Mindfulness e Mindful Eating.

Por Vera Lúcia Salvo

Segundo o dicionário, a palavra Inverno vem do latim: hibernu, tempus hibernus. Significa mergulhar num estado de sonolência e inatividade, onde as funções vitais do organismo são reduzidas ao absolutamente necessário à sobrevivência. Esse tempo hibernal está associado ao ciclo biológico de alguns animais ao entrar em hibernação e se recolherem durante o período de frio intenso, escassez de chuvas, baixa umidade do ar.

Será que as mudanças promovidas pelas estações nos afetam? Ecoam em nós? Somos seres da natureza e ela pode nos ensinar muito se estivermos atentos e abertos.

Durante o inverno, várias espécies de aves migram para outros locais com o intuito de fugir do frio. Também nós, em uma reação natural, automática, procuramos fugir do desconforto, do que nos faz sofrer e, com mindfulness, o convite de levarmos equanimidade às sensações, sem rechaço ou apego. Ao estarmos presentes, a oportunidade de usufruir, da melhor forma possível, o que se apresenta, o que é e não o que gostaríamos que fosse.

Boa época para resgatar as relações tão distantes nos dias de hoje pelas facilidades tecnológicas e voltar a reunir pessoas em torno do fogo, lareira ou fogão e ficar horas conversando, cultivando as relações, trocando experiências do dia a dia e claro, partilhando o alimento.

Nesse momento, uma parte da Terra é menos iluminada pelos raios solares, dando origem a dias mais curtos e noites mais longas. Ótima oportunidade para diminuir o ritmo, para ouvir nosso mundo interno. E de mindfulness, com gentileza, abertura e curiosidade, entrarmos mais em contato com nosso lado sombra, aspectos de nós que escondemos, mas que podem ser, se encararmos o medo, oportunidades de autoconhecimento e cura incríveis!

Olhando para a natureza, as árvores sem folhas, pouca luz, podemos ter a ideia precipitada de morte, fim…. Em vez disso, a sabedoria da natureza nos ensinando: as árvores perdem as folhas para sobreviver ao frio e voltar com mais vigor na primavera. Impermanência da vida, morte e renascimento. Tempo necessário para ajustes. A hibernação do urso é possiblidade de concentrar sua energia para despertar posteriormente, preservado da estação fria; para nós, a inercia aparente por fora, trazendo a quietude e instrospecção necessárias para novos e importantes movimentos que a vida trará na primavera.

E despertando a sabedoria interior, a conexão do corpo, acompanhando a tempertatura e características da estação, época de beber bastante liquído, hidratar (os felinos aqui de casa não se descuidam, o pote de água esvazia-se rapidamente); de buscar frutas e sucos de frutas para aumentar a imunidade com a ingestão de vitamina C e outros antioxidadntes. Aquecer o corpo com comida e bebidas mais quentinhas.

Que possamos desfrutar o inverno, aquecendo nosso coração na companhia de nossos queridos e nutrindo o corpo com carinho e consideração!

Inventando um motivo para ficar junto,

Nada melhor do que se aquecer,

Ver e apreciar a dança do fogo,

E ao redor da lareira ou da fogueira uma boa conversa manter!

Raramente nos permitimos, algumas horas passar

No aconchego de amigos e familiares

O que para a nutrição da alma não pode faltar!

Que aproveitemos com alegria o inverno e também cada uma das outras estações, aceitando o que temos, sem que para sermos felizes façamos imposições. Porque no contexto de Mindfulness, não é sobre o quê, mas como podemos viver, nos permitindo desfrutar de cada estação, situação que a vida oferecer!

Que as folhas secas caídas, de adubo possam servir, para que floresça depois a primavera e que nosso lado luz possa emergir!

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Vera Lúcia Salvo

Especialista em Nutrição Clínica pelo Centro Universitário São Camilo e em Teorias e Técnicas para cuidados integrativos no departamento de neurologia e neurocirurgia da UNIFESP. Pós-doutoranda em Saúde Coletiva  com ênfase em Mindfulness e Mindful eating– Depto de Medicina Preventiva – UNIFESP/EPM. Instrutora de Mindfulness e Mindful Eating. Member of Center for Mindful Eating (TCME)