Durante 22 anos eu vivi uma guerra com a comida e com meu corpo.
Não, não tenho orgulho de dizer isso, pelo contrário, sempre me envergonhei muito deste sentimento.
Sempre odiei as minhas curvas, os meus braços grossos, o meu quadril largo, a minha bunda grande, minhas estrias, minhas celulites. Eu rejeitava o meu corpo.
E se você, neste segundo, olhou para as minhas fotos e já começou a me julgar, peço que você possa abrir o seu coração. Leia este texto com o seu coração porque você vai encontrar aqui alguns sentimentos que a nossa mente racional não consegue compreender.
Dores da alma são difíceis de entender e aceitar, então se você não está pronta para ler com o coração aberto, sem julgamentos, por favor pare agora. Não leia até o fim. Não perca o seu tempo. Eu vou escrever aqui coisas que talvez você não goste de ler.
Eu sempre desejei ter um corpo muito magro, cheios de ossos aparentes. Sabe aquele corpo que parece que vai quebrar de tão magro? Então… era assim que eu queria ser. Esse sempre foi o meu sonho, a coisa que eu mais desejei, todos os dias da minha vida e por isso eu pensava e como NÃO comer 24 horas por dia. Acontece que o efeito é exatamente o contrário. Quanto mais você pensa em NÃO comer, mais você sente VONTADE de comer. Era um inferno. Eu sempre tive um medo terrível e inexplicável de comida, e mesmo assim não conseguia parar de comer. Só sabia o que era a extrema restrição ou o exagero. Ou fazia uma dieta restritiva ou comia desesperadamente. Foi sempre assim.
Em março de 2015 eu escrevi:
A comida controla a minha vida, os meus pensamentos, as minhas ações. Eu fico com vergonha das pessoas quando eu engordo, cancelo compromissos, já menti que fiquei doente para não ir trabalhar ou ir à festas. E isso é uma tortura. Não é só pela forma do corpo, a gordura nos meus braços, barriga, quadril… é que junto com a gordura vem um sentimento de fracasso, como se só quem é magro e controla o que come, é capaz e é feliz.
Eu estava doente e não sabia.
Por muitos anos, me esforcei para fingir que este problema não existia. Tanta gente me dizia que era “frescura”, e eu mesma me sentia fútil. Passei a vida toda tentando gostar do que o espelho me mostrava, tentando ser feliz com a menina que eu via refletida ali, mas eu nunca consegui. Nunca aceitei o meu corpo.
Sim, me acho bonita de rosto, amo meus olhos, meu cabelo, amo meu rosto todo. Mas sempre tive um problema sério e doentio com o meu corpo. Sempre me senti inadequada, larga, grande demais. Não gostava de tirar fotos, não gostava de me ver em vídeos. Nunca gostei, mas aprendi a conviver com isso, era meu trabalho.
O mais incrível de tudo isso é que eu não estou falando de vaidade, não é uma questão de vaidade. É uma questão de vergonha, de sentir-se inadequada no próprio corpo.
A vergonha do meu corpo sempre esteve muito relacionada com a vergonha que eu sentia de tudo em mim, com a minha baixa autoestima e com a minha relação doentia com a comida. Mas eu nunca soube disso. Nunca soube os motivos do meu sofrimento. Só depois de um ano de terapia e uma consulta com uma médica psiquiatra, eu descobri. Eu tenho transtorno alimentar não especificado e distorção da imagem corporal. Eu tinha medo de comida, não sabia me alimentar sem culpa, sem sofrer, sem contar calorias.
Sofri tanto, por tantos anos, por estar em guerra com o meu corpo e com a comida, que cansei de fingir que estava tudo bem e que isso não está acontecendo com milhares de pessoas. Não aguentava mais viver deste jeito, não tinha mais forças para continuar essa guerra comigo mesma e eu sei que você também não aguenta mais viver em guerra com o seu corpo.
Sabe, meu sonho era ser uma pessoa que senta para uma refeição e tem paz na hora de colocar os alimentos na boca. Eu queria aprender a aceitar, respeitar e gostar do meu corpo do jeitinho que ele é. Mas isso parecia impossível.
Hoje, eu posso afirmar para você que é possível SIM aprender a gostar do nosso corpo e fazer as pazes com a comida. É difícil, é um caminho longo, doloroso, cheio de buracos enormes em que você vai cair e vai se machucar, mas você vai levantar e seguir em frente, porque você é capaz.
Aqui no EuVejo vamos conversar sobre o processo de aceitação, autocompaixão, amor próprio e a construção da confiança corporal.
E, para começar, eu quero te mostrar como eu me via. Neste vídeo você vai conhecer a Daiana que iniciou o EuVejo em abril de 2016.
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