Você acredita que a autoestima pode influenciar o quê e o quanto você come? A resposta é: claro que sim!
Vamos explorar mais este assunto começando pelo conceito de autoestima que pode ser: a imagem e a opinião, positiva ou negativa, que cada um tem e faz de si mesmo. É o quanto gostamos, respeitamos e confiamos em nós. A autoestima é construída a partir das experiências pessoais, das emoções, crenças, comportamentos, autoimagem e da imagem que os outros têm sobre nós. Queremos ser aceitos e, se não nos sentimos parte, sem o pertencimento, sofremos.
O problema é que nossa mente tem algumas armadilhas que podem deteriorar nossa autoestima; são elas:
a) comparação,
b) perfeccionismo e
c) ruminação.
Cada um de nós é um ser único, especial, com suas características, mas tendemos a nos comparar o tempo todo, uma competição desenfreada, querendo muitas vezes atingir algo que nem sequer é real (as imagens por exemplo exibidas nas revistas e retocadas por um software).
Buscamos muitas vezes a perfeição, que não é natural, humana ou padronizada. Vamos lembrar de frutas e legumes por exemplo; todos da mesma safra, plantados no mesmo lugar e, embora sejam da mesma espécie, cada um apresenta, dentro da “normalidade”, variações de tamanho, peso e coloração. Porque queremos padronizar a beleza, a forma de ser? Para completar, ficamos ruminando pensamentos, situações mal sucedidas que nos colocam cada vez mais para baixo, pois como sabemos, por uma questão evolutiva, a mente não quer nos fazer feliz, mas nos proteger; assim nos fixamos no que é ruim para que não aconteça de novo.
Nossos julgamentos, reações automáticas que fazem parte de nós geram baixa estima na maioria das vezes, já que é muito mais fácil, até por uma questão cultural, nos depreciarmos do que reconhecer o bom que existe em nós; nos desvalorizamos.
Sem autoestima, esperamos que o outro faça aquilo que não fazemos por nós mesmos e, para compensar o mau trato a nós mesmas (os), podemos começar a fazer tudo para os outros, a fim de sermos “queridos”, “aceitos” o que gera a desconexão. Nos desconectamos de nós, de nossos valores, do que realmente dá sentido à nossa vida, de nossas profundas e verdadeiras necessidades.
Temos dificuldade de lidar com nossas emoções. Não desenvolvemos, na maioria das vezes ao longo da vida, as “soft skills” – habilidades emocionais e, para sentir menos, comemos mais.
A comida tem sido um sedativo em nossas vidas, uma distração, uma forma de aliviar, acalmar e evitar o sofrimento diante do julgamento feroz que muitas vezes trazemos para nossa vida.
Enquanto os julgamentos geram autoestima, a autocompaixão reflete aceitação; a possibilidade de expressar nossas vulnerabilidades, acolher os dois lados que vivem em nós; sombra e luz, pois a sombra só existe a partir da existência da luz.
Que não nos envergonhemos de quem e como somos e que possamos cultivar o acolhimento e aceitação, abraçando nossa imperfeição perfeita, à semelhança do que ocorre na natureza.
Que possamos sentir mais as necessidades do corpo para levar para o prato o justo e necessário para nossa saúde física. Que ao olhar no espelho possamos enxergar no corpo o abrigo de tantas experiências vividas, espaço de expressão e forma de nos relacionarmos no mundo para além da imagem objeto a ser olhada, comparada e apreciada.
Ainda que o alimento possa ser conforto, prazer em nossas vidas, remédio muitas vezes para as feridas da alma, recordemos do efeito passageiro, já que não atua na causa, mas apenas na superfície do problema e por isso não sacia por muito tempo.
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