Distorção da Imagem Corporal.

Por Bianca Thurm

A distorção da imagem corporal é definida como a incapacidade do sujeito para reconhecer adequadamente e de forma realista o tamanho e a forma do seu corpo. Na presença da distorção, a pessoa pode se sentir maior ou menor do que ela realmente é, sentir que apenas uma parte do corpo é maior ou mais desconfortável, ou até mesmo, não reconhecer alguma parte do corpo.

Esta imprecisão em reconhecer o corpo, ou negligenciá-lo, faz parte de alguns transtornos alimentares como anorexia nervosa, bulimia nervosa e compulsão alimentar, alguns casos de obesidade, pacientes bariátricos e também do transtorno dismórfico corporal.

 

Vale ressaltar que sentir que o corpo é maior do que ele realmente é não é exclusividade de quem tem transtorno alimentar. É comum as mulheres sentirem que o corpo é maior ou apresentarem alguma insatisfação em relação a ele.

Então qual é a diferença? Por que alguns desenvolvem transtorno alimentar e outros não, apesar de não reconhecerem o corpo de forma precisa?

A diferença é que no transtorno alimentar a insatisfação e a preocupação com o corpo são tão intensas, que a pessoa vive em função do corpo, das crenças em relação à ele, e de todos os aspectos relacionados ao corpo dentro da sociedade: comparação com outros corpos e o autojulgamento destrutivo de que o corpo é inadequado.  

Nos casos em que a pessoa não desenvolve transtorno alimentar, ela consegue viver a vida em seus âmbitos profissional e pessoal, apesar da distorção de imagem corporal. Nestes casos a distorção não é considerada grave e o corpo não comanda a vida da pessoa. Assim, é possível aceitar o corpo como ele é porque entende-se que o ser humano não é representado somente pelo corpo e sua forma dita “perfeita”,  porque não existe um modelo de corpo perfeito.  

É bem doloroso, conflitante e angustiante conviver com a distorção de imagem corporal porque ela não existe no plano físico, palpável ou visível para os outros, ela existe de fato apenas para quem a sente.

Não é uma invenção da pessoa muito menos uma forma de chamar a atenção ou “não ter nada melhor para fazer”. O que acontece de fato é que o cérebro registra neurologicamente, um mapa da sensação que a pessoa tem do corpo dela. Este mapa serve então como referência toda vez que a pessoa pensa no corpo e as relações dele com outros corpos, tamanho de roupa, peso, julgamento e o convívio com os familiares e a sociedade.

Uma queixa muito comum de quem sofre com transtornos alimentares é que elas estão cansadas de sentir o corpo grande e que ninguém as entende. Mas, por meio de terapia especializada, é possível ajudar a pessoa a voltar a reconhecer o corpo como ele realmente é, e isto refletirá na forma com que ela se relaciona com o próprio corpo.

Reconectar o corpo com a mente, a partir do mecanismo neurológico apropriado e específico, é capaz de reconstruir o mapa do tamanho e forma do corpo de maneira precisa e real. É natural existir receio e medo de olhar para o corpo de uma forma “nova”, mas é só olhando para ele que a transformação poderá ocorrer.

Então, procure ajuda especializada e tenha coragem de olhar para o seu corpo de forma amorosa porque vale a pena e você merece! 

Quer saber mais? Veja a entrevista completa com a Fisioterapeuta Bianca Thurm.

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Bianca Thurm
Fisioterapeuta, Pós-doutora pela Fac. Medicina da USP, colaboradora do AMBULIM e PROTAD do IPqUSP. Idealizadora do www.metodobt.com.