Gostar do próprio corpo parece um desafio.

Por Marcela Salim Kotait

Algumas pesquisas concluem que apenas 4% das mulheres do mundo se consideram bonitas. Gostar do próprio corpo parece um desafio para a maioria das pessoas, principalmente para as mulheres. Atualmente essa insatisfação com as formas corporais acaba sendo regra, já que somos frequentemente pressionados a ter um corpo extremamente magro.

Como nutricionista ouso dizer que nessa equação os fatores somados a insatisfação corporal são alterações no padrão alimentar e uma consequente pior relação com a comida. Dessa maneira fica cada vez mais complexa a relação corpo-comida.

A adoção de dietas para perda de peso, aumento exponencial no número de cirurgias plásticas – o Brasil está no topo dos países com maior número de procedimentos estéticos só perdendo para os Estados Unidos segundo dados da Sociedade Internacional de Cirurgia Plástica e Estética em 2015/2016 – evidenciam que estamos cada vez mais insatisfeitos.

A insatisfação corporal pode ser relacionada ao aumento do número de casos de transtornos alimentares, depressão, fobias e dificuldades de relacionamento social.

Pesquisas afirmam que quanto mais somos expostos a determinados tipos corporais mais entendemos aquela forma como regra, ou seja, quanto mais o padrão de beleza existe, mais o  achamos normal.

A contramão disso é um movimento nascido nos Estados Unidos, que hoje se espalhou pelo mundo, chamado Body Positivity, Positividade Corporal em português. O movimento visa encorajar as pessoas a adotar atitudes tolerantes com seus próprios corpos. O objetivo é melhorar a saúde e o bem estar geral, não focado à estética ou padrões impostos socialmente. Criar uma imagem corporal positiva é fundamental para manutenção de um corpo saudável de maneira sustentável.

Positividade Corporal contempla não só peso corporal como alimentação, autoestima, e a construção de uma verdadeira relação de cumplicidade com seu próprio corpo.

Para isso é importante aceitarmos e incentivarmos a pluralidade de formas corporais e, além disso, as funções que nossos corpos têm além da aparência. A adoção de comportamentos alimentares saudáveis que visem também bem estar e eliminação de restrições ou compensações fazem parte disso.

O envolvimento de mídias sociais também faz parte do movimento Body Positivity, já que é clara a influência desses meios na formação e manutenção de padrões de beleza.

O grande objetivo do Movimento é ter uma relação leve e amorosa com o próprio corpo para assim termos de fato saúde física, psíquica e social. A importância da ampliação do conceito de belo é fundamental para a positividade corporal, e assim conseguirmos verdadeiramente amar nosso corpo e desfrutar de suas capacidades.

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Marcela Salim Kotait
Nutricionista, especialista em TA, coordenadora da equipe de nutrição do Ambulatório de Anorexia Nervosa do AMBULIM do Hospital das Clínicas de SP e membro do GENTA.