É de manhã, tomo meu café, e dou um check nas redes sociais. Nada de novo no mundo do instagram: uma diz para você comprar algo, a outra sugere que você vá malhar pelo corpo dos sonhos e a última diz para você se amar e se aceitar.
As três mensagens, apesar de parecerem diferentes, te obrigam a algo: tenha, seja e faça.
Muito se fala sobre amar o corpo que temos. Mas será que essa ordem não faz justamente o contrário do que deveria ser feito? A questão não é justamente fazer com que o corpo não seja o centro de tudo? Felicidade e autoestima não tem que vir de dentro? Quando existe ordem ou sugestão para que você se ame mais e mais, o corpo continua ali, o centro dessa obrigação.
O movimento Body Positive tem uma importância imensa, porque grande parte do propósito é baseado na desconstrução do corpo perfeito – passo essencial para o resgate da autoaceitação e do autoconhecimento. Mas e a vida real? Afinal, somos seres imperfeitos, e tem dias que a não há santo que nos prove que somos capazes, fortes e lindas (por dentro e/ou por fora). Sinto falta de um discurso humano, um ‘vem aqui, é assim mesmo, tem dias que é f*da’.
O que sinto hoje com toda essa campanha do ‘love/embrace yourself‘ é que algumas pessoas ficam totalmente perdidas e frustradas, porque não conseguem se sentir tão importantes como está sendo sugerido. Ou não conseguem se amar e se sentem envergonhadas perante suas naturais chateações
Concordo e apoio a idéia do Body Positive – e todas as mensagens de amor próprio espalhadas por aí. Mas o termo – e o conceito – do Body Neutrality fala mais a minha língua.
A idéia é tirar o corpo do centro da discussão, reduzir a pressão do ‘você tem que se amar’ e levantar outras questões. Até porque, amor próprio não é aquela coisa de ser importante, linda, feliz e essencial o tempo todo: amor próprio é justamente se entender, se aceitar.
Parafraseando Anastasia Amour: “a obrigação de amar o próprio corpo não deve ser um antídoto contra o ódio”.
Sentir-se confortável com o próprio corpo não quer dizer apenas amar a imagem no espelho e não lutar por um padrão inatingível de beleza. É também se sentir confortável com as insatisfações que nos rondam.
Posts Relacionados
0