Por mais de 20 anos, vivi uma guerra interna. Aliás, não conseguia conversar com ninguém sobre esse assunto, quanto mais entender o que estava acontecendo comigo.
Comecei a travar batalhas diárias contra mim mesma muito cedo. Colocar uma roupa para sair de casa era um suplício. Eu praticamente só me vestia de preto e sempre com blusas de manga, de preferência longa. Nunca saía com os braços de fora pois tinha vergonha de como eles eram grossos. Em alguns dias eu nem conseguia sair para trabalhar, com medo de que as pessoas rissem de mim, de como eu era imensa e esquisita.
Eu carregava um enorme fardo que era invisível para os outros. Por muitos anos, me esforcei para fingir que esse problema não existia, por medo do que as pessoas iriam pensar de mim. Muitas vezes eu mesma me julguei e acreditei que realmente fosse uma menininha mimada que não tinha outra coisa com que se preocupar. No início, achei que fosse coisa de adolescente, que iria passar. Mas não passou.
Demorou muito até eu perceber que o problema de peso que atrapalhava minha vida não estava no meu corpo – estava na minha cabeça. Mas eu só soube disso quando tive coragem de procurar ajuda médica. E foi então que finalmente descobri que o que eu tenho não é maluquice, não é frescura, não é vaidade. É uma doença.
Trecho do Livro “Fazendo as Pazes com o Corpo”.
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