A síndrome do comer noturno (SCN) é uma recente categoria de transtorno alimentar e embora sua descrição original tenha ocorrido na década de 1950, permanece ainda pouco reconhecida.
A primeira descrição de SCN revelava uma população de indivíduos que apresentava aumento do consumo alimentar no período da noite, dificuldade para adormecer caso não realizasse a ingestão de algum alimento e conseqüente perda do apetite pela manhã. Também se observou que os sintomas pioravam em situações de estresse e provavelmente melhoravam temporariamente com a retirada do indivíduo do ambiente estressor.
Em 2013, a Associação Americana de Psiquiatria reconheceu a SCN como um transtorno alimentar, contudo ainda não há critérios diagnósticos definidos.
Sua descrição atual é de “episódios recorrentes de comer noturno, manifestado por comer após despertares noturnos ou exagerado consumo alimentar após o jantar. Há despertar completo e lembrança do ato de comer”.
O comer noturno difere do Transtorno de compulsão alimentar (TCA), pois não há episódios de descontrole da ingestão alimentação e não há, portanto, ingestão de grande quantidade de alimentos durante o episódios de comer inapropriado. Embora no TCA episódios de compulsão possam ocorrer no período noturno, na SCN a sensação não é de perda de controle sobre o quanto se está ingerindo e sim sobre a urgência e a necessidade em comer, que ocorre com ingestão de pequenas quantidades de alimentos durante o episódio.
A referência de seus portadores é que é impossível resistir a necessidade que surge abruptamente de comer. E haverá sempre lembrança do ocorrido na manhã seguinte.
Em geral, caracteriza-se por um aumento da necessidade em comer ao anoitecer e principalmente ao longo da noite de sono, com recorrentes despertares para comer. Pequenos lanches são realizados nestes despertares e rapidamente o sono é reiniciado. Não raramente, alimentos que usualmente não fazem parte da alimentação habitual do indivíduo são consumidos durante estes episódios.
Caso seja evitado o consumo alimentar, raramente se consegue reiniciar o sono, instalando-se aqui a insônia. Segundo os estudos, estes despertares ocorrem em média até seis vezes ao longo da noite, trazendo como conseqüência um sono de má qualidade e não reparador. Além disso, devido ao consumo alimentar à noite, desperta-se sem sensação de fome, dificultando a alimentação do café da manhã.
Acredita-se que cerca de 25 a 50% do consumo alimentar diário de seus portadores ocorra no período noturno, imediatamente antes de adormecer ou mesmo após despertares ao longo da noite.
Assista aqui a entrevista com o Dr. Alexandre.
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