Objeto, objetificação e o seu corpo.

Por Rafael Marques

Você passa todo o tempo observando seu corpo? Verificando se ele está todo “no lugar”, preocupada com como os outros estão lhe vendo? Sempre alerta se a roupa não está marcando nada… isso lhe é comum?

Infelizmente, se sua resposta é sim, não se preocupe, este comportamento é tristemente esperado.

Somos ensinados através de tantas mensagens culturais que o nosso corpo e aparência são a nossa principal fonte de poder, valor e felicidade e ficamos confusos sobre o que é ser confiante. Acreditamos em uma grande mentira, de que nos sentirmos confiantes se equivale a nos sentir confiantes em nossa aparência, e quase não questionamos e acabamos deixando por isso mesmo.

Acreditamos que nossos corpos nos definem e nossa autoestima depende de quão bons achamos que somos para os outros.

Há duas teorias que surgiram justamente da observação destes fenômenos:

O primeiro é a objetificação, termo que surgiu no início dos anos 70 e se caracteriza em analisar um indivíduo no mesmo nível de um objeto, sem considerar seu emocional ou psicológico.

Quando falamos de objetificação do corpo feminino estamos nos referindo à banalização da imagem da mulher, quando a aparência das mulheres importa mais do que todos os outros aspectos que as definem enquanto indivíduos.

E isso implica em um outro processo: a auto-objetificação, esta consiste na internalização do olhar externo sobre o próprio corpo, principalmente o olhar objetificado na sexualidade do indivíduo na sociedade. Ela leva à preocupação excessiva com a aparência em detrimento dos estados corporais e das competências físicas, sendo manifesta por um monitoramento e uma auto-vigilância corporal constante, que pode levar a sérias consequências fisico e mentais, além do surgimento de comportamentos inadequados que impactam a saúde e no bem-estar do indivíduo

A mulher que se auto-objetifica não se compreende totalmente como um indivíduo e não se dá conta de todas as suas capacidades e possibilidades, o que influencia no seu grau de engajamento como profissional e cidadã.

Combater a objetificação é, portanto, mostrar para as mulheres que elas são indivíduos completos e capazes, que podem ser muito mais do que objetos. O primeiro passo para isso é identificar atitudes que reforçam essa cultura e combatê-las no dia a dia.

0

Rafael Marques
Nutricionista, coord. da Pós-graduação em Comportamento Alimentar do IPGS, mestre em epidemiologia e pesquisador do Hospital do Coração de São Paulo. Instagram @comportamentoalimentar