A infância e adolescência são períodos de mudanças fisiológicas e emocionais intensas. Ensinar seus filhos a desenvolver uma relação saudável com a alimentação, o corpo e a atividade física é essencial para o desenvolvimento adequado da identidade da criança.
Além disso, a alimentação e a prática de atividades físicas também são indispensáveis para o desenvolvimento mental, cognitivo e físico de crianças e adolescentes. Os transtornos alimentares são multifatoriais, ou seja, vários aspectos contribuem para o desenvolvimento dessa condição.
E como pais, o que podemos fazer?
1. Seja exemplo para seus filhos na relação com a comida e a alimentação.
Como pais, nós influenciamos profundamente nossos filhos ao falar e ao agir. Nosso comportamento deve ser coerente com o nosso discurso. Lembre-se que crianças aprendem observando e repetindo o que observam. Sua fala e seu comportamento refletem seus valores e esses são observados e repetidos pelos seus filhos, tornando-os deles eventualmente. A alimentação saudável deve ser balanceada e com o objetivo de nutrir o organismo. Algumas dicas:
- Sempre que estiver em casa, faça as refeições principais junto com os seus filhos;
- Sempre que possível, eduque os seus filhos sobre o alimento: “Vou comer esses brócolis porque ajuda na formação e fortalecimento dos ossos…”;
- Permita que os seus filhos se sirvam e escolham o que querem comer;
- Ofereça “lanches” saudáveis entre as refeições. Tenha frutas cortadas, limpas e acessíveis às crianças todos os dias;
- Nas horas das refeições não use o celular, televisão, tablet, computador e também não permita que seus filhos usem;
- Não tenha conversas desagradáveis, particulares ou inadequadas durante a refeição. As crianças escutam! Faça da refeição um momento agradável;
- Não faça comentários sobre o comer do outro. “Nossa, a comida não está boa? Você não comeu nada”. “Vai repetir de novo? Por isso que não para de engordar”. “Ninguém comeu salada, por isso que está todo mundo gordo”;
- Não use a comida como prêmio ou recompensa. “Se você comer tudo, eu deixo você dormir mais tarde”;
- Não force a criança a “limpar o prato”, ou comer tudo.
2. Seja exemplo para seus filhos na relação com a atividade física.
A atividade física é o melhor remédio natural que existe. Faça atividade física para cuidar da sua saúde mental e física, e não para perder peso ou porque comeu pizza no dia anterior. Algumas dicas:
- Incentive os seus filhos a serem ativos dentro de casa. A partir dos 2 anos, a criança já pode ajudar a guardar brinquedos, tirar os próprios sapatos, etc. Delegue responsabilidades aos seus filhos;
- Incentive as crianças a praticar esportes. Descubra o que eles gostam;
- Faça atividade física com os seus filhos. Jogue bola, pule corda, ande, corra, dance, etc.;
- A atividade física não deve ser associada à aparência física ou o peso. “Filha, vamos ir na academia para perder essa barriga?” “Depois do hambúrguer de ontem a gente tem que ir correr no parque hoje”;
- Limite o tempo da criança no uso de eletrônicos (computador, televisão, celular, tablet, etc).
3. Ajude os seus filhos a desenvolverem uma identidade adequada.
Durante a infância e a adolescência, os seus filhos estarão desenvolvendo sua identidade. Essa, vai além da imagem corporal e é composta também por habilidades acadêmicas, interpessoais e motoras. Como adultos, e pais, frequentemente subestimamos a capacidade da criança internalizar o que dizemos e fazemos. A imagem corporal é um fator importante, porém não único, na identidade da criança e do adolescente, por isso não deve ser super valorizada. Algumas dicas:
- Não valorize, desvalorize ou identifique seus filhos (ou qualquer outra pessoa) pela aparência ou característica física. “Oi gordinha linda da mamãe”, “oi magrelo”, “esse é meu filho mais forte”. Ao invés, identifique sua criança pelo nome;
- Foque nas qualidades internas e comportamentos positivos das pessoas. “A sua prima está bonita, magrinha”. Ao invés, “a sua prima é agradável, sempre educada”;
- Elogie os seus filhos sobre os aspectos diferentes que estão formando a identidade deles. Criatividade, desempenho na escola, comportamento, sensibilidade, relacionamento interpessoal, habilidade de comunicação, etc. Lembre-se que a aparência física da criança é só um aspecto da identidade dela, não é tudo.
4. Não faça comparações.
Já pensou que quando uma criança nasce logo começamos com as comparações? “É a cara do pai”, “é bonita igual a mãe”. Para que a criança desenvolva uma identidade adequada ela deve entender e ser constantemente lembrada que ela é “única”. E por ser única, a criança não será igual a ninguém. Devemos trabalhar para que a criança desenvolva a sua singularidade e não que busque se tornar outra pessoa. Algumas dicas:
- Não compare os seus filhos com ninguém: “Você tem mais espinha que qualquer outro menino da sua escola”. “Sua amiga é bem mais magra que você”. Os seus filhos são únicos, com qualidades únicas! Não compare eles de maneira alguma.
- Comparação entre o que é verdadeiro e falso. Ensine o seu filho sobre Photoshop, maquiagem e produção. Explique que a foto da modelo na capa de revista não é verdadeira, e sim modificada. Explique que ninguém é perfeito. Todos temos defeitos, tristezas e dificuldades. Oriente a criança a ser grata pelo que ela tem e pelo que ela é, independente dos outros.
Quando refletimos sobre esses aspectos, percebemos que é fundamental a construção constante de uma identidade saudável dos nossos filhos e que essa identidade deve ser baseada em diversos aspectos, não apenas na busca insustentável de um corpo magro ou “perfeito”.
Assista aqui a entrevista com a Psicóloga Nara Mendes Estella.
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