Dieta como ferramenta de controle e entorpecimento dos nossos sentimentos.

Por Rafael Marques

Usar a dieta como ferramenta de controle e entorpecimento dos nossos sentimentos é tão ou mais prejudicial quanto o uso da comida para os mesmos fins. O comer emocional nem sempre é ruim, na verdade, quando não foge do controle, pode até ser chamado de “confort food”, o alimento que conforta.

Claro que temos que estar atentos para perceber se não estamos “comendo nossos sentimentos”, isso sim é prejudicial.

Agora, com o modismo das dietas e dos padrões estéticos, ficamos cegos a algo que é realmente ainda mais comum, e muito mais prejudicial, especialmente nas pessoas que fazem dietas cronicamente, usar a dieta como controle para entorpecer nossos sentimentos.

Fazer dieta é uma ótima maneira de tentar evitar sentir nossos corpos. A dieta serve como distração, toma nossa mente na tentativa do controle, na busca do perfeccionismo e na neuroquímica que obtemos da adrenalina e de outros hormônios do estresse quando restringimos nossa comida.

Foto: Shutterstock.

Tentar obsessivamente fugir da BOA influência das emoções na sua alimentação pode dar muito errado e se tornar restrição, o que exacerbará o ciclo de compulsão/culpa, e ironicamente, aumentar o comer emocional por sentimentos ruins.

Concluindo, o comer emocional não é a grande razão pela qual a maioria das pessoas é tão disfuncional com a comida e, sim, a DIETA.

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Rafael Marques
Nutricionista, coord. da Pós-graduação em Comportamento Alimentar do IPGS, mestre em epidemiologia e pesquisador do Hospital do Coração de São Paulo. Instagram @comportamentoalimentar