O exercício é uma forma de se punir pelo que você comeu?

Por Paula Costa Teixeira

O desejo de ser magro leva muitas pessoas a praticarem exercícios físicos. É muito comum encontrar na academia pessoas que se sentem na obrigação de queimar as calorias de alimentos “proibidos” ingeridos no final de semana, que possuem uma ideia fixa de manter a qualquer custo um determinado peso da balança, ou ainda, um medo imenso de engordar.

Geralmente, as pessoas que se exercitam com essa intenção, não estão felizes com seus corpos. Isso faz com que muitos escolham apenas as modalidades que gastam mais calorias. Por essa razão, é comum ter praticantes que não gostam, não sentem prazer, acham chato, e se pudessem estariam fazendo outra coisa.

Que tal experimentar um novo jeito de pensar a sua relação com o corpo?

O conceito de exercício intuitivo surge para nos fazer refletir sobre como estamos cuidando do nosso corpo e da nossa saúde na hora do exercício. O exercício intuitivo é o equilíbrio de duas extremidades: o exercício disfuncional (excessivo ou compulsivo) versus o sedentarismo.

Quando você está focado, presente, com atenção plena voltada para a atividade que seu corpo está desenvolvendo, você facilita a conexão mente-corpo. E assim, você estará perceptivo às sensações do seu corpo e poderá consultá-lo, escutá-lo, para então escolher e dosar sabiamente a quantidade do seu exercício.

A integração mente-corpo acontece quando você se conecta com uma percepção relaxada associada à prazer, alegria, liberdade, respeito, amorosidade e gratidão pelo seu corpo.

Se o seu exercício é um momento de punir o seu corpo pelo o que você comeu, há grandes chances de ser disfuncional para a sua saúde.

Pensar na prática de exercícios apenas do ponto de visto fisiológico é assumir que somos apenas um metabolismo. Nosso corpo é muito mais do uma máquina de metabolizar. Somos seres humanos que se relacionam com as pessoas, com o nosso entorno e com a natureza. Reduzir a vida a metabolizar o que comemos é perder uma grande oportunidade de aproveitar a sua existência e usufruir da essência que habita dentro de você!

É possível praticar exercício sem ser por pura obrigação ou exclusivamente para queimar calorias. É possível adotar um estilo de vida ativo por prazer. Basta você querer se conhecer mais, dedicar mais atenção ao que o seu corpo fala/sente, e se permitir ter um tempo de qualidade com você mesmo. Afinal de contas, você é um ser único, outro igual não existe. Seu corpo merece esse respeito.

Convido você a refletir sobre a sua relação com os exercícios. Ser um praticante de exercício intuitivo é permitir que exista na sua vida um espaço para você ser, se realizar, se renovar, se reenergizar e se cuidar.

Quer saber mais sobre exercício intuitivo? Veja a entrevista com a Dra. Paula aqui!

0

Paula Costa Teixeira
Educadora Física, Doutora em Neurociências e Comportamento pela USP, Especialista pela UNIFESP, Colaboradora do AMBULIM e Membro do GENTA.