Não é curioso que quanto mais tentamos “fabricar” seres humanos perfeitos, mais vivemos a infelicidade, a doença, os vícios? Eu vivi isso claramente. Quanto mais magra eu ficava, mais remédios para emagrecer tomava, mais fome me impunha, mais lipoaspirações fazia e mais aprisionada no meu corpo e na minha doença eu permanecia.

Somos regidos pela urgência em aplacar as sensações que incomodam. Resolver, disfarçar ou fugir. Estamos sempre à procura do alívio imediato, do momento para descarregar o que não suportamos, como se não pudéssemos sentir ansiedade, medo, cansaço, frustração. Fato é que ainda não conheci ninguém que não sinta isso.

Quanto mais tentarmos nos distanciar da condição humana, mais infelizes seremos. 

Quando falo sobre ter responsabilidade pelo apego ao sofrimento, pelo ganho secundário, pelos nossos desejos e atitudes, em um primeiro momento você pode ficar com raiva, se culpar por nunca ter pensado sobre isso e ter deixado o sofrimento tomar conta da sua vida. Eu senti muita raiva de mim mesma quando comecei a aprender essas coisas. Passei por um período de ainda mais vergonha, culpa e sensação de incapacidade porque achei que nunca seria capaz de elaborar tudo isso. Mas não existe outro caminho para quem deseja se responsabilizar pela própria vida.

Como diz Pema Chödrön:

“Permanecer ignorante por não ter coragem e respeito de olhar para si mesmo com honestidade e brandura é a agressão mais básica, o mal mais fundamental que podemos causar a nós mesmos.”

Por isso, lembre-se destas palavras: ter responsabilidade é ter respeito por você. Não é ódio por você, nem autopunição por sentir-se incapaz diante da vida. Autorresponsabilidade envolve autocompaixão, coragem e a responsabilidade de mudar porque você ama e respeita a si mesma.

Trecho do Livro “A Vida Perfeita não Existe”.