HOME OFFICE: LIMITE E SAÚDE MENTAL.

Por Amanda Menezes Gallo

Em tempos de quarentena trabalhar de casa tornou-se uma realidade para muitas pessoas, e não há dúvidas sobre o quanto organização e disciplina são necessárias para de fato conseguir trabalhar. Mas, se por um lado é preciso desenvolver a capacidade de produzir em casa, muitas vezes com família e filhos dividindo o espaço, por outro é fundamental ter a noção de que apesar das possibilidades limitadas de cada casa, existem outras atividades relevantes para serem feitas.

Cuidar da saúde mental é uma delas!

O isolamento a que a população foi submetida carrega uma série de desafios: lidar com sentimentos como medo, ansiedade, angústia, incertezas, além da privação, afastamento de algumas pessoas e atividades benéficas, em paralelo à vivência de uma realidade impensável há 1 mês atrás. 

Com todas essas mudanças abruptas, para algumas pessoas trabalhar tem representado uma forma de sentir-se mais próximo da vida sem as restrições da quarentena, além de ocupar o tempo e a cabeça, promovendo certa abstração da dura realidade atual. É evidente que trabalhar ajuda a passar melhor os dias, além de ser fundamental, especialmente diante de tanta insegurança em relação ao futuro. Mas, é preciso cautela para que o remédio não torne-se veneno.

Num período curto de isolamento o resultado de uma rotina sem limite de horas trabalhadas, sem pausas, sem organização para as refeições, sem outras atividades inseridas no dia, tem sido pessoas extremamente esgotadas física, cognitiva e emocionalmente. Este cenário representa uma das piores formas de passar por essa fase, bem como um potencializador das dificuldades já evidenciadas.

Apesar de ser uma medida urgente, como ainda é o início do período de isolamento, as dificuldades para estabelecer uma nova rotina ainda estão muito presentes.

Contudo, somar a privação da liberdade à uma rotina de trabalho exagerada, dias desregrados e ausência de atividades que promovam satisfação é um prato bem cheio para o sofrimento psíquico e para as doenças mentais. 

Portanto, procure encontrar uma medida entre não trabalhar e trabalhar 12 horas ininterruptas, tente adaptar rapidamente a rotina, fazer um planejamento de como serão preenchidos os dias e horários, quais atividades poderão ser feitas no limite do espaço das próprias residências,  conecte-se virtualmente às pessoas queridas, e avalie a medida entre ver muitas notícias e alienar-se. 

Neste momento, duas habilidades se fazem cruciais para que cada um passe pela quarentena sentindo menos impactos:

  • ATENÇÃO aos sinais que o próprio corpo manda, desde pensamentos mais frequentes, aos sentimentos e sensações corporais;
  • e ADAPTAÇÃO, para que ao perceber os sinais emitidos seja possível rever a rotina estabelecida e/ou buscar os suportes necessários. 

Cabe informar que há profissionais de diversas áreas fazendo atendimento online, inclusive médicos/psiquiatras e psicólogos. Uma coisa é certa: VAI PASSAR… Mas, até lá o meu convite é para viver e cuidar de um dia por vez, para que ao final de tudo isso não falte uma boa dose de saúde mental!

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Amanda Menezes Gallo
Psicóloga, especialista em Terapia Cognitivo-Comportamental e Doutora em Distúrbios do Desenvolvimento.