E o que eu faço com meu desejo de emagrecer?

Por Manoela Figueiredo

Muitas pessoas tem dificuldades de lidar com a ambivalência que sentem com a decisão de buscar algo diferente para lidar com a comida e com o corpo. A intenção é de abrir mão das dietas, mas a permanência do desejo de emagrecer e o desconhecimento por não saber outra maneira de “mexer” no peso, que não as tradicionais dietas, gera insegurança. 

“Não aguento mais fazer dieta, não acredito nelas, sei que não funcionam, mas quero emagrecer. O que fazer?”

Sim, o que fazer? Será que existe apenas uma resposta simples e objetiva que pode ajudar tanto os profissionais quanto as pessoas que querem emagrecer?

Em primeiro lugar não, não é proibido querer emagrecer e mudar sua forma corporal. Mas é preciso refletir sobre o processo – como, porque, para que, para quem, em quanto tempo…  

  • Por que as pessoas sofrem tanto para emagrecer e manter o peso perdido?
  • Por que seguem a dieta, fazem as restrições, perdem peso, mas pouco a pouco vão voltando a comer mais, desrespeitam a saciedade, pulam refeições e diminuem a atividade física?
  • Por que será?

Há um pensamento do tipo “Cheguei no peso, posso “voltar” a comer o que eu tirei” ou “Só hoje”.

Esse é um dos maiores problemas das dietas – O PRAZO DE VALIDADE. 

Primeiro precisamos pensar que um comportamento alimentar inadequado ou desajustado, não deve ser alterado apenas para a perda de peso, mas sim como um novo hábito a ser incorporado, sem data para terminar, e por isso precisa ser entendido como um processo que vai permanecer e não algo para caber no casamento que será em 20 dias ou para a viagem de formatura. 

As dietas propõem restrições e são pouco flexíveis, e assim têm como objetivo e até pode-se dizer que “funcionam” para apresentar os rápidos resultados, que supostamente aumentam a motivação. Mas que motivação é essa que não cabe na rotina, não permite sociabilizar, requer a compra de alimentos especiais e promove a culpa e o julgamento? 

Seguir as regras externas da dieta desconsidera os sinais internos. Não ajuda as pessoas a entenderem e respeitarem seus corpos e, quando não há essa autoconfiança e autopercepção de suas necessidades e vontades, manter um peso saudável poderá ser sempre um martírio. 

Mas isso não significa que emagrecer é impossível. É super possível, porém deve acontecer de forma diferente, sem controle de calorias, macronutrientes, e regras absurdas.

Qual o nosso desafio – enquanto profissionais e sociedade? Passar por essa mudança de paradigmas:

Ajudar as pessoas a aceitarem que as mudanças não podem ser só externas e que elas precisam se implicar como agentes e serem responsáveis por cuidar de si mesmas.  

Essa mudança de paradigmas começa eliminando um prazo x ou y para emagrecer, e deve considerar um processo de emagrecimento que pode ser mais longo e menos imediatista mas que tem como objetivo ser mais permanente.  

Está claro e, é um consenso, que para emagrecer devemos oferecer ao nosso corpo a quantidade de calorias e nutrientes que ele precisa para funcionar bem, assim como ter um corpo fisicamente ativo (seja na academia, na quadra de tênis, lavando o quintal ou indo a pé para o trabalho), porém precisamos fazer isso não por uma semana ou duas ou até um mês, precisamos fazer essa mudança para a vida.

Não mudamos nossa relação com a comida da noite para o dia, é uma jornada de reconexão, mas que te leva para um lugar melhor.

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Assista aqui a entrevista com a nutricionista Manoela Figueiredo.

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Manoela Figueiredo
Especialista em Comer Intuitivo e Mindful Eating, Coord. do Genta, idealizadora do Nutrição Comportamental.