Chorei por saber que todos os dias teremos que nos convencer de amar nossos corpos.

Esta é a história de uma mulher de 24 anos.

“Primeiramente eu gostaria de te pedir que tu não divulgasse meu nome. Queria também te parabenizar pela coragem e pelo trabalho enorme de abrir espaço para que tantos possam ser acolhidos em questões tão importantes, e que como tu sabe, muitas vezes são desvalorizadas e minimizadas pela sociedade. 
Hoje eu te escrevo por estar no meu limite, e é muito mais um desabafo. Estou há um mês viajando a trabalho. Neste um mês, na minha cabeça, já engordei e emagreci milhões e milhões de quilos.
Estou com 24 anos, meu transtorno alimentar começou por volta dos 12 anos, com episódios de bulimia, depois se intercalou com episódios de anorexia, e segue assim até então. Claro que no meio disso tem dias, meses e quase ano inteiro que eu passo “bem”. Estaria tudo bem, se o “bem” não fosse classificado como episódios de ortorexia, outro tipo de transtorno alimentar.
           
Conheci teu canal há uns três ou quatro dias. Como muitas, eu chorei. Chorei por me identificar, chorei por saber que você e muitas de nós passam por isso. Chorei por saber que muitas continuarão passando. Chorei por saber que a tua batalha, a minha e a de muitas gurias que te assistem, será diária. Chorei por saber que todos os dias teremos que nos convencer de amar nossos corpos. Chorei por estar no meio dessas muitas que dia após dia odeiam seus próprios corpos. 
Neste mês minha maior preocupação deveria ser meu aprendizado e crescimento profissional. Eu me preocupei bastante com isso, aprendi muito, cresci muito. Mas não houve um santo dia em que não estivesse com a cabeça no meu peso, na alimentação, na quantidade absurda de comida que tenho ingerido (que na realidade, é o normal para as outras pessoas).
 
À noite eu choro. Choro por mim, choro por ti, choro por todas as gurias que não sei se um dia conseguirão se olhar no espelho e enxergar a real beleza que existe na gente. 
Obrigada por ser nossa porta voz. Continue tentando, querida. Te desejo todas as cores do mundo para iluminar teus dias e tuas lutas. E as gurias que seguem te ouvindo, continuem tentando, todas vocês, todas nós. Não vamos desistir, vamos persistir muito contra todos esses padrões bizarros. E sempre que uma de nós sorri, a vitória será de todas.”

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