Como a criança pode desenvolver distorção da imagem corporal?

Por Bianca Thurm

O desenvolvimento da distorção da imagem corporal em crianças ocorre por uma somatória de informações sobre o corpo que ela experiencia primeiramente no meio familiar, depois na escola e pela mídia.

A criança vai ouvindo e assimilando os comentários e julgamentos de corpos nas conversas dos adultos, por exemplo,  registra essas informações na mente e vai desenvolvendo as crenças sobre corpo baseada nestas informações que podem sem positivas ou negativas.

Vamos imaginar a seguinte situação: a criança está brincando e ouve a mãe falando com uma amiga ao telefone: “nossa…. você viu como fulana engordou depois que separou do marido ? Coitada, gorda desse jeito ela nunca vai arrumar outro marido!” A criança vai criar uma associação, a partir desta informação, que pessoas gordas não casam. Isto fica registrado na mente, assim outras informações negativas relacionadas com corpos vão se somando e ela cria seu banco de dados irreais e negativas sobre o corpo.

Outra situação muito comum é a comparação do tamanho do corpo entre irmãos e primos. Ouvir comentários pejorativos como “por que você não é magra como a sua prima? Veja como ela é bonita, todas as roupas que ela usa ficam boas” ou uma tia chega para a sobrinha e fala: “minha filha fez uma dieta e ficou bem magra, vou te dar as roupas que estão grandes pra ela, pois devem servir em você”!

A somatória de informações disfuncionais e negativas de corpo vão criar um modelo desorganizado e irreal sobre o tamanho e a forma do próprio corpo na mente da criança/adolescente.

É este modelo mental, ou seja, a distorção da imagem corporal que se torna a referência que a criança tem do seu corpo e ela vai desenvolver atitudes e comportamentos condizentes com esta realidade distorcida de seu corpo que só ela consegue ver. Esta é uma das maiores causas da insatisfação corporal.

Todas as crianças estão expostas à comentários negativos sobre o corpo, mas nem todas desenvolvem distorção da imagem corporal, pois depende sempre de como a criança lida com essas informações. Vou compartilhar uma história que ouvi de uma paciente: a tia chegou para a sobrinha de 3 anos de idade e disse: “nossa você vai brincar com esta boneca feia?” A criança virou para a tia e respondeu: “… mas ela (a boneca) é feliz “.

A dica é procurar sair do julgamento porque dentro da singularidade de cada corpo não há competição nem comparação.

Quer saber mais? Veja a entrevista com a Fisioterapeuta Bianca Thurm.

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Bianca Thurm
Fisioterapeuta, Pós-doutora pela Fac. Medicina da USP, colaboradora do AMBULIM e PROTAD do IPqUSP. Idealizadora do www.metodobt.com.