Adeus ao corpo.

Hoje quero indicar o livro “Adeus ao Corpo” do antropólogo francês David Le Breton. 

Le Breton é um especialista consagrado na área de estudos do corpo. Ele mostra que o corpo foi tomado como simples suporte da pessoa, algo que pode e deve ser aprimorado, uma matéria-prima na qual se dilui a identidade pessoal. “ADEUS AO CORPO”, provoca uma importante discussão sobre como as pessoas entregam-se a manipulação de si, com cirurgias, procedimentos estéticos, próteses. Ele diz:

“Assim, para alguns, o corpo não está mais à altura das capacidades exigidas na era da informação: convém moldá-lo, forjando um corpo biônico no qual seria enxertado um disquete que contivesse o espírito”.

Em outro trecho ele explica que a anatomia deixou de ser um destino para ser uma escolha, uma obrigação:

“A indústria do design corporal quer que acreditemos que podemos fazer o quisermos com o nosso corpo”.

Para ele, a cirurgia estética é uma medicina destinada a clientes que não estão doentes, mas que querem mudar a sua aparência e modificar, desta maneira, a sua identidade, provocar uma reviravolta em sua relação com mundo. Baseia-se em uma fantasia de domínio de si e urgência de resultado. Interessante, não?

Quando você termina de ler o livro muitas questões ficam ecoando: o que estamos fazendo com nossos corpos? Por que a aversão ao seu corpo? Percebemos que vivemos como se nosso corpo fosse um molde com peças destacáveis e manipuláveis. É um livro que promove reflexões profundas e é indispensável para quem deseja compreender o culto ao corpo perfeito e o adoecimento que isso gera.

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